Messias Martins Moreira, 53

Kokama

Messias Martins Moreira, o Messias Kokama, faleceu aos 53 anos, em Manaus, no dia 13 de abril de 2020. A professora Claudia Baré reconhece que, nesta data, os povos indígenas perderam uma grande liderança que sonhou, idealizou e esteve à frente de um projeto reunindo cerca de 35 diferentes etnias no Parque das Tribos, bairro Tarumã, o primeiro bairro indígena de Manaus. Dentre essas etnias estão os Apurinã, Baré, Baniwa, Mura, Kokama, Karapano, Barassano, Piratapuia, Tuyuka, Tariano, Ticuna, Dessano, Marubo, Uitoto, Miranha, Curipaco, Wanano, Sateré, Tukano, Tupinambá (vindo da Bahia) e Canamari.

Glademir Sales dos Santos, pesquisador da “Nova Cartografia Social da Amazônia”, num texto-homenagem, refaz um pouco a biografia e o itinerário do líder indígena. Do povo Kokama, Messias Martins Moreira, nascido em 19 de setembro de 1966, veio da comunidade Tabaco, entre os municípios de Santo Antonio do Içá e Amaturá. Em Manaus, sua percepção crítica ao modo de proceder de lideranças em ocupações anteriores levou-o a se preocupar com a organização e a resistência do Parque das Tribos, unindo-se nesse esforço à sua tia, Raimunda da Cruz Ribeiro, e à prima, Lucenilda Ribeiro de Albuquerque; mãe e filha que vieram do município de Alvarães.

Reconhecido como cacique, Messias Kokama esteve à frente de muitas lutas, como na madrugada do dia 28 de novembro de 2014, quando policiais militares, acompanhados do batalhão de choque, da polícia civil e da cavalaria entraram na ocupação “derrubando moradias, batendo e obrigando os indígenas a tirar a roupa”. O cacique Messias enfrentou a violência e defendeu o “projeto de vida” indígena na cidade, contra toda sorte de preconceito e de estigma manifestados na acusação de serem “invasores travestidos de índios”. Como disse Sales dos Santos, o cacique Kokama “uniu memórias e pessoas, com espírito de guerreiro, e delas se despediu no dia 13 de maio de 2020 [vítima da Covid-19], deixando um projeto de vida, o Parque das Tribos. Os que não o conheceram terão a oportunidade de conhecê-lo através desse projeto de vida em construção, o Parque das Tribos, que se confunde com o seu espírito”.

FONTES

Foto em Destaque: Parque das Tribos Tarumã Amazônia

Fotos da Galeria: Divulgação// Facebook – Parque das Tribos e FEI – Fundação Estadual do Índio; De Olho Nos Ruralistas

De Olho Nos Ruralistas
https://deolhonosruralistas.com.br/2020/05/27/memorias-da-pandemia-messias-kokama-um-cacique-de-muitos-povos/

Nova Cartografia Social da Amazônia
http://bit.ly/2AaK3CS

The New York Times
https://www.nytimes.com/2020/06/18/obituaries/messias-kokama-dead-coronavirus.html?fbclid=IwAR2bZq3MquZzt-om9AJhrMvuFOwJfJAkSjYJkNdbakBplmCuBldgPUymxgE

Parque das Tribos Tarumã Amazônia
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=2340846306019115&id=921406434629783

Luiz Carlos Rodrigues Curico, 44

Kokama

Luiz Carlos Rodrigues Curico, do povo Kokama, faleceu aos 44 anos no dia 23 de maio de 2020, no hospital de guarnição de Tabatinga, no estado do Amazonas. Ele era acadêmico do penúltimo período do curso superior de Formação de Professores Indígenas da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas, Turma Alto Solimões, no município de Benjamim Constant. Carlos Curico atuava como professor na Terra Indígena Sapotal, e vivia na cidade de Tabatinga.

Segundo informações do Instituto Socioambiental (ISA), os Kokama habitam o rio Solimões, espalhados na região da tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, em cada um dos três países. Falam uma língua do Tronco Tupi, da família Tupi-Guarani. O contato dos Kokama com a sociedade não-indígena remonta às primeiras décadas de colonização espanhola e portuguesa, no início do século XVI. Os aldeamentos e deslocamentos forçados, impostos primeiramente pelas missões católicas e depois pelas frentes extrativistas, acabaram criando um contexto tão adverso para a existência física e cultural desse povo que acarretou a sua negação da identidade indígena por muitas décadas. Desde os anos de 1980, porém, a identidade indígena Kokama vem sendo cada vez mais valorizada no contexto de suas lutas políticas – que incluem outros povos indígenas do Solimões – por terras e acesso a programas diferenciados de saúde, educação e alternativas econômicas.

Fontes

Foto de Destaque: Autorizada por Antônio Filho (irmão de Luiz Carlos Curico)

Fotos da Galeria: Autorizada por Antônio Filho (irmão de Luiz Carlos Curico)

Instituto Socio-Ambiental (ISA)
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Kokama#Fontes_de_informa.C3.A7.C3.A3o

Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
https://ufam.edu.br/ultimas-noticias/1458-nota-de-pesar-discente-formacao-de-professores-indigenas-luiz-carlos-curico-kokam.html 

ESCUELA IKUARI – KUMBARIKIRA
https://youtu.be/JxovOS7ueP0