Lucio Paiva Flores, 66

Terena

Lúcio Paiva Flores, liderança do povo Terena, infelizmente faleceu no último domingo, dia 10 de janeiro de 2021, aos 66 anos, por complicações da Covid-19. Ele nasceu em 22 de maio de 1954, na Aldeia Jaguapiru, Reserva Indígena de Dourados, Mato Grosso do Sul. Era uma importante liderança entre os Terena e demais povos indígenas do seu estado, e uma referência para o movimento indígena em escala nacional. Trabalhava há cinco anos na Assessoria do Controle Social da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), por isso atualmente morava em Brasília.

 

Conhecido carinhosamente como “seu Lúcio Terena”, deixou um grande legado para o Brasil e para a luta indígena, tendo colaborado ativamente na construção de diversas políticas públicas, tais como a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), e a Política Nacional de Saúde Indígena. Atuou em diversas frentes de mediação de conflitos, e integrou a assessoria do Departamento Etnoambiental da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (COIAB). Também coordenou o Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI).

 

Graduado em Ciências Sociais e mestre em Ciência das Religiões, seu Lúcio Terena era escritor e pastor, com larga experiência em Serviço Social. É autor do livro “Adoradores do Sol: reflexões sobre a religiosidade indígena”. Foi um grande defensor da saúde indígena e da biodiversidade, da fauna e da flora nativas do território brasileiro. Tinha exímio conhecimento sobre plantas medicinais utilizadas pelos povos indígenas, e lutou contra a biopirataria, sobretudo na região amazônica. Também lutou pela inserção dos povos indígenas nas universidades públicas. Por muitos anos foi liderança indígena e política pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Representou o Brasil e os povos indígenas na Organização das Nações Unidas (ONU) em várias ocasiões, sendo reconhecido pelo movimento indígena nacional como um diplomata nato, sempre sereno e comprometido com as pautas da luta indígena.

 

Com dona Matilde Madicai (Kurâ-Baikari) teve um filho, Lucio Yeruá, que assim relembrou a difícil perda de seu avô (pai de seu Lúcio): “Quando ele [avô] se foi, meu mundo caiu pela primeira vez. Senti a dor desse mundo, mas com todos os ensinamentos dele e com a força de todos me fortaleci e segui em frente”. Em seguida traduziu, em poucas e belas palavras, o sentimento do Brasil indígena e indigenista sobre seu Lúcio Terena: “Ele era respeitado por todos os lugares e por todas as etnias aonde ia. Sempre existia uma pessoa que o conhecia e sabia da história dele. Era sempre muito confiante de tudo e de si. Eu o via como uma inspiração, sempre contando histórias de viagens e reuniões, pelo Brasil e mundo afora. Sei muito bem o tipo de homem que ele era, uma liderança indígena, um professor, um pastor e um belo pai…”

 

Com dona Maria Eva Moreira seu Lúcio Terena teve duas filhas, Juliene Paiva Flores e Luciene Flores. Mais ou menos nessa época ele se converteu ao presbiterianismo. Nas redes sociais, Juliene expressou orgulho por ser filha de Lucio Flores: “Meu pai sempre foi respeitado pela sua liderança e articulação indígena”.

 

O estado do Mato Grosso do Sul abriga a segunda maior população indígenas do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). A população dos Terena é bastante numerosa, conforme informações do Instituto Sociambiental (ISA):

 

“Com uma população estimada em 16 mil pessoas em 2001, os Terena, povo de língua Aruák, vivem atualmente em um território descontínuo, fragmentado em pequenas ‘ilhas’ cercadas por fazendas e espalhadas por sete municípios sul-matogrossenses: Miranda, Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Nioaque e Rochedo. Também há famílias terena vivendo em Porto Murtinho (na TI Kadiweu), Dourados (TI Guarani) e no estado de São Paulo (TI Araribá). […] Os Terena, por contarem com uma população bastante numerosa e manterem um contato intenso com a população regional, são o povo indígena cuja presença no estado se revela de forma mais explícita, seja através das mulheres vendedoras nas ruas de Campo Grande ou das legiões de cortadores de cana-de-açúcar que periodicamente se deslocam às destilarias para changa, o trabalho temporário nas fazendas e usinas de açúcar e álcool.”

 

Graziele Acçolini, etnóloga especialista na temática do povo Terena, registrou em um artigo que as religiões cristãs predominam na região. A religião protestante, em vertente pentecostal, possui importância notável no universo simbólico e religioso dos Terena, e se tornou elemento integrante daquela sociedade.

 

 

Lúcio Yeruá, filho de seu Lúcio Terena, registrou:

 

Com todos esses anos de vida, mesmo que poucos, sempre pensei que teria essas duas pessoas, esses dois professores, esses dois orgulhos, na minha vida.

Mas tudo tem um começo, meio e fim. Dedico esta mensagem a esses dois melhores pais que tive, eles me ensinaram a andar, a conversar e a viver. Mas o melhor de tudo, me orgulharam. Eu sei que posso não ter sido o melhor neto e o melhor filho, mas esses dois me fizeram passar os melhores momentos da minha vida.

Primeiramente meu vô, que desde antes de eu nascer já queria me dar tudo de bom. Cuidava de mim com todas as forças. Me ensinava sobre a história de nosso povo. Mesmo que às vezes achando chato, eu sempre escutava com o maior respeito e atenção, ele tinha um respeito muito grande pela nossa comunidade. Nós o levávamos a lugares incríveis para que pudesse aproveitar, retribuindo tudo que ele nos deu. Quando ele se foi, meu mundo caiu pela primeira vez, senti a dor desse mundo, mas com todos os ensinamentos dele e com a força de todos me fortaleci e segui em frente.

Com o passar do tempo meu pai se tornou o pilar da família, era nele que depositávamos todos as nossas forças, escolhas e confianças. Ele era respeitado por todos os lugares e por todas as etnias aonde ia. Sempre existia uma pessoa que o conhecia, e a história dele. Era sempre confiante de tudo e de si. Eu o via como uma inspiração, sempre contando histórias de viagens e reuniões, pelo Brasil e mundo afora. Sei muito bem o tipo de homem que ele era, uma liderança indígena, um professor, um pastor e um belo pai, que mesmo nos desentendendo às vezes nunca nos separávamos. Como ele mesmo dizia, “somos amigos”, e essa amizade estará comigo para o resto da vida.

Sei que tenho uma responsabilidade enorme por ser filho dele, em todos os lugares do Brasil ele tinha uma história. Aprendi várias coisas com ele, o resto terei que aprender com o passar do tempo, tenham paciência, ainda tenho 17 anos. Não quero ocupar nem substituir o lugar dele, vou conquistar o meu com a ajuda desses dois pilares da família.

Mas hoje tenho que cuidar de quem está comigo e precisa da minha ajuda: minha mãe, irmãs, tia, e vó, além de uma sobrinha muito linda. Ainda não tenho forças suficientes para ser o pilar da família, mas nos uniremos e seguiremos em frente, sem arrependimentos. Uma vez ouvi uma frase muito significativa: “Uma pessoa não morre quando perde sua vida, ela morre quando é esquecida”. Então eles ainda estão vivos enquanto não esquecermos.

Obrigado por tudo meus dois pais.

 

 

Matilde Madicai, esposa de seu Lúcio Terena, complementou o filho:

 

Força, filho! Sei que o momento que estamos passando é muito dolorido e triste de saudades, mas ficaram muitas lembranças boas e alegres que tivemos juntos. Seguiremos em frente com a cabeça erguida, com todo o ensinamento que eles deixaram para nós. Eles sempre estarão em nossos corações.

 

 

Juliene Paiva Flores, filha de seu Lucio Terena, registrou:

 

Meu pai sempre foi respeitado pela sua liderança e articulação indígena. Em casa ele sempre foi um cara engraçado, se achava o gatão, lindão, magrão, lutador de boxe (no aquecimento para o banho). Gostava de se deitar no chão depois do almoço pra cochilar conosco, andava de mãos dadas comigo, era um amante da natureza e das pescarias, amava viajar, pé descalço sempre… Era uma alma livre, não suportou ficar preso a uma cama e a um respirador, se libertou como sempre fez, resolveu voar…

 

Vai pai, voa mais alto e mais longe!

 

E daí, onde estiver, levanta novas lideranças, inspire novos desafios. Nos veremos em breve. E que o Grande Itukoóvit te receba.

 

 

Rafael Pereira Brito, sobrinho de seu Lucio Flores, registrou:

 

É com tristeza que recebo hoje a notícia de falecimento por Covid-19 da liderança indígena Lúcio Paiva Flores, do povo Terena, de quem nunca deixei de me orgulhar, de me inspirar e, tão pouco, de chamar de tio.

 

Nascido na Aldeia Jaguapiru, na Reserva Indígena Federal de Dourados, em Mato Grosso do Sul, Lúcio Flores era graduado em Ciências Sociais e mestre em Ciência das Religiões.

Defensor da biodiversidade da floresta amazônica, detinha um conhecimento aprofundado das plantas medicinais utilizadas pelas tribos da Amazônia. Lutava pela inserção indígena nas universidades públicas e atuava assiduamente contra a biopirataria no Brasil.

 

Liderança indígena e política pelo Partido dos Trabalhadores (PT) representou o Brasil na ONU em diversas oportunidades. Compôs a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e, mais recentemente, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), onde atuava na linha de frente pela proteção dos povos indígenas durante a pandemia.

 

Lúcio estará com seu Nhanderu e nós com seu legado.

 

“Para nós, a majestade dos templos não está na imponência das suas construções ou nos seus detalhes artísticos, mas na serenidade dos nossos templos naturais: as matas, os rios, as cachoeiras, as montanhas. A nossa fé e prática religiosa se evidenciam diante da natureza, nos seus muitos mistérios e magias nos quais nos banhamos e nos aprofundamos” (O Mundo dos Separados – Lúcio Flores Terena).

 

 

Rocky Ribeiro, sobrinho de seu Lúcio Flores, registrou:

 

Hoje o sol não brilhou, os pássaros não cantaram, os risos se calaram e as lágrimas rolaram em meu rosto…

 

Meu coração sofre em silêncio ao saber que perdemos um guerreiro.

 

Vivenciou uma boa luta em sua jornada. O amor reinará para sempre e o carinho por ti também!

 

Luto, perdi meu tio.

 

Saúde Indígena em luto.

 

 

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB):

 

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) informa e lamenta profundamente o falecimento de nosso parente Lúcio Terena, ocorrido na noite deste domingo (10), em Brasília (DF), em decorrência da Covid-19.

 

“Seu Lúcio Terena”, assim chamado carinhosamente por nós, parente do povo Terena, da Terra Indígena Jaguapiru (MS), era escritor, teólogo, sociólogo e mestre em Ciência da Religião. Esteve conosco e com outras organizações indígenas em muitas lutas, era um diplomata nato. Cumpriu a missão e deixou legado, como a discussão e construção da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). Assessorou o Departamento Etnoambiental da COIAB, coordenou o Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI), concorreu à Vice-Coordenação da COIAB em 2013 e, atualmente, trabalhava na Assessoria do Controle Social da SESAI, em Brasília.

Estendemos nossos mais sinceros sentimentos a todo povo Terena, à sua esposa Matilde Bakairi, e aos seus familiares e amigos.

 

Nossa gratidão ao nosso GRANDE e INESQUECÍVEL GUERREIRO, SEU LÚCIO TERENA!

 

 

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB):

 

Nota de Pesar

 

A APIB está de Luto. Morreu no ultimo domingo, 10 de janeiro do corrente, vítima da Covid – 19, aos 66 anos, o líder Lúcio Paiva Flores. Lúcio Terena, como era mais conhecido, nasceu na aldeia Jaguapiru, no Estado Mato Grosso do Sul. Sociólogo e Mestre em Ciências da Religião, nos anos 90, quando morava em Cuiabá, estado de Mato Grosso. Fez parte da Diretoria do Conselho de Missão entre Índios (COMIN), depois mudou-se para Manaus – AM, onde trabalhou no Centro de Formação e no Departamento Etnoambiental da COIAB. Nos últimos 5 anos trabalhava em Brasília, na Assessoria de Controle Social da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).      

  

Lúcio deu valiosas contribuições ao movimento indígena. Destacamos, dentre elas, a sua participação nas lutas que povos, organizações e lideranças indígenas enfrentaram para tornar realidade a criação, em 2010, da SESAI, e na formatação e execução do Projeto Gestão Ambiental de Terras Indígenas (GATI) iniciativa que visava impulsionar, depois, a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PNGATI).      

 

A APIB, que perde mais um de suas lideranças para o Novo Coronavirus, manifesta a todos os familiares de Lucio Terena as suas condolências e solidariedade fraterna. E que o Pai Tupã os conforte. Descansa em paz querido Lúcio Terena.   

           

Brasília, 11 de janeiro de 2021.

 

Marciano Rodrigues, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin-Sul):

 

A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul comunica e lamenta profundamente o falecimento do grande companheiro de luta, LÚCIO FLORES TERENA.

 

Lúcio Terena foi um grande articulador de defesa dos direitos indígenas e um apoiador incondicional das organizações de base, entre elas a nossa Arpinsul. Sempre nos orientou e auxiliou no fortalecimento institucional, e em muitas ações voltadas às políticas públicas, principalmente às de desenvolvimento ambiental sustentável, gestão ambiental e territorial. Sua sabedoria sempre incidiu nas temáticas que deram caminhos para a autonomia e voz das populações indígenas.

 

Nós Povos do sul estamos muito triste com essa notícia da partida tão precoce do nosso guerreiro.

Mas fica um legado em nossas vidas, sua importante passagem aqui nesta terra, e marcada em nossos espíritos sua mensagem de paz, para continuarmos seguindo o caminho de amor e defesa dos nossos direitos.

 

Valeu companheiro Lúcio Terena.

Um dia todos encontraremos na Terra Sem Males!

 

 

Uma Gota no Oceano (RJ), registrou:

 

A nossa natureza perdeu mais um guardião. 

 

Lúcio Flores Terena, mais conhecido como “Seu Lúcio”, morreu na noite deste domingo (10), em Brasília (DF), em decorrência da Covid-19. Parente do povo Terena, da Terra Indígena Jaguapiru (MS), Lúcio era escritor, teólogo, sociólogo e mestre em Ciência da Religião. Ele conquistou o diploma lá na década de 1990, desbravando novos rumos para o seu povo e servindo de exemplo e legado. 

 

Suas contribuições para os povos indígenas do Brasil são diversas. Podemos destacar a atuação na Diretoria do Conselho de Missão entre Índios (COMIN); no Centro de Formação e no Departamento Etnoambiental da Coiab Amazonia; e na Assessoria de Controle Social da Sesai • Secretaria Especial de Saúde Indígena, onde trabalhou nos últimos 5 anos. 

 

Mais do que uma liderança atuante pelos direitos do seu povo, Lúcio era um museu vivo de conhecimento ancestral que sucumbiu à pandemia. Uma perda de patrimônio cultural e ancestral em um momento de descaso das autoridades competentes na proteção aos povos tradicionais. 

 

A equipe Uma Gota No Oceano reverencia Seu Lúcio, e conforta, mesmo à distância, familiares e amigos que sentem esta grande perda. Todos nós perdemos. 

 

 

The Nature Conservancy Brasil:

 

Com pesar, lamentamos o falecimento de Lúcio Flores, importante liderança indígena do povo Terena que lutou ativamente na construção da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PNGATI).

 

Lúcio trabalhou na TNC Brasil entre 2007 e 2011, coordenando a estruturação e implementação do Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI), em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Seu trabalho dentro e fora da TNC foi essencial para ajudar a fortalecer jovens lideranças e instituições indígenas da Amazônia e de todo o Brasil.

 

Estendemos nossos sentimentos aos familiares e amigos de Lúcio, assim como ao povo Terena e às comunidades indígenas que sofrem com a perda de mais uma grade liderança em consequência da pandemia da COVID-19.

 

 

Henyo T. Barretto, antropólogo e professor da UNB, registrou:

 

Nossas vidas estão todas por um fio.

 

Depois da acachapante notícia do Marcos Guevara, hoje soubemos do falecimento, igualmente por Covid, ontem à noite, aqui em Brasília, do queridíssimo e sereno Lucio Flores Terena, cuja trajetória de incidência e luta política em defesa dos direitos indígenas, e da materialização destes em políticas públicas é tão gigantesca, que não cabe em uma postagem.

 

Abaixo uma foto/lembrança na qual ele aparece à direita, ao lado de Maurício Gonçalves Guarani, Romancil Kretãkaingang Kaingang e Iara Vasco Ferreira, em um painel no qual narraram a história da construção da PNGATI para uma turma de indígenas e servidores públicos da Mata Atlêntica sul/sudeste na ACADEBio – Academia Nacional da Biodiversidade; e a nota de pesar da SESAI, que nos tranquiliza em relação às tratativas relativas ao traslado do corpo.

 

Tristeza e dor imensas para todos que convivemos e trabalhamos com ele, testemunhas do seu saber e da sua serenidade.

 

A Matilde Madicai e seus filhos, meus mais sinceros sentimentos e forte abraço solidário, e para todo o povo Terena, junto ao qual será sepultado.

 

 

Luciane Ouriques Ferreira, antropóloga, registrou:

 

Gente… não dá pra acreditar numa coisa dessas!

 

Sinto muito, meu amigo Lucio Flores! Que tua partida para a aldeia dos teus ancestrais, seja leve!

 

Força aos parentes e ao povo Terena!

 

 

Alexandre Goulart, antropólogo, registrou:

 

Nosso querido Lucio Flores Terena faleceu em Brasília vítima de Covid-19. Uma perda para sua família, para o povo Terena, seus amigos e colegas e para o movimento indígena brasileiro e latino-americano.

 

Algumas lembranças da passagem deste colega querido por todos que tiveram a oportunidade de compartilhar de sua calma e conhecimento (na primeira foto, como nosso inesquecível amigo e colega Jorge Terena, outro gigante de sua etnia).

 

 

Leóson M. Silva, técnico de Enfermagem da DSEI-Dourados (SESAI):

 

Mais uma grande perda, um grande guerreiro, uma referência dentro do controle social, hoje lamentamos sua partida, desejo aos familiares muita força e que Deus conforte a todos, Lucio Flores descanse em Deus meu amigo, obrigado pelas orientações e apoio quando estava a frente na luta! Que Deus o receba!

 

Cacique Rony Pareci:

 

Prezada amiga Matilde Madicai, com dor no coração e tristeza pela partida do meu amigo e mestre Lucio Flores, venho dar minhas palavras de conforto e força a você amiga, bem como a todos os familiares.

 

Conheci este líder e mestre Lucio em 2000, ou seja, há 21 anos, quando trabalhava como coordenador do GTME, o qual passou a ser uma referência em vários aspectos de vida para mim… o qual peguei como balizamento de fazer a minha trajetória sociocultural, política e educacional. Foi graças este mestre que na capital Cuiabá conseguimos a primeira abertura para o ingresso de indígenas nas diferentes universidades e cursos, na qual fui contemplado na época. Através do GTME ele conseguiu bolsas estudantis, financeiro para manter os 12 jovens indígenas acadêmicos desta época.

 

Hoje sou muito grato pela contribuição significativamente desse mestre, qual legado perpetuará para mim e para muitos.

 

Todos nós somos passageiros nesta vida, qual neste ciclo devemos sempre fazer o bem e ajudar o próximo com dignidade e virtude, assim como Lucio fez nesta passagem dele neste mundo. As várias ações que fez em prol dos povos indígenas da família e dos amigos é o que nos fazem sentir essa imensa saudade.

 

Aqueles que partem para outra vida e que deixam aqui na terra exemplo, virtude, dignidade de pessoa, foram e sempre serão lembrados, enaltecidos. Isso significa que não morreram. Morrem aqueles que não são lembrados.

 

Já o mestre Lucio Flores Terena deixa saudades, deixa um legado de exemplo, de ser um líder autêntico, sereno e flexível, que fez sua trajetória de vida com o respeito e a simplicidade de um grande homem… por isso ele não morreu e sim fez eternizar o que foi a sua pessoa em nossas lembranças, memórias e saudades que nos motivaram a caminhar, como ele sempre fez quando estava aqui conosco.

 

DESCANSE EM PAZ MESTRE.

 

 

Kamuu Dan Wapichana:

 

Minha solidariedade ao povo Terena e à minha amiga Matilde Madicai, aos familiares e amigos.  Parente Lúcio Flores era liderança indígena que teve atuação em diversos momentos importantes do movimento indígena, entre eles destacando na elaboração e discussão da PNGATI, na COIAB em muitas organizações indígenas e por último na Sesai. Parente Lúcio é mais uma vítima da Covid-19, essa doença terrível que levou bons guerreiros.

 

Que os nossos ancestrais possam recebê-lo com suas honras. Que nosso criador conforte e fortaleça sua família sempre.

 

Kaimen manawyn, Lúcio Flores Terena!

 

 

Ewyryky Apurinã:

 

Querido Lucio, a primeira liderança mais antiga dos Terena que conversei quando cheguei em Brasília, no museu do índio, ainda tinha meus 22 anos de idade. Depois, junto com outras lideranças, seguimos para o CCB para nos hospedar. E durante a noite ele me contou muitas histórias de luta e principalmente da constituinte, junto com meu tio Leôncio Apurinã, umas das lideranças que também fez parte da discussão da constituinte de 1988.

 

Patrícia Naiara Kamayurá:

 

Meus sentimentos ao Povo Terena, a esposa e familiares do Lucio Flores!

Covid-19 fazendo suas vitimas!!

Uma liderança que esteve no Controle Social na Sesai lutando em prol da Saúde Indígena!

 

Yura Ni-Nawavo Marubo:

 

Descanse em paz mestre, liderança e cacique Lúcio Terena. Seu trabalho e legado em prol da formação indígena ficará em nossas memórias para sempre. A política nacional em defesa dos povos indígenas também fica órfã. Covid-19 maldita.

 

 

Obede Maricaua:

 

Minhas condolências aos familiares do Sr.Lucio Flores, que nos deixou esta madrugada. Grande profissional do controle social da saúde indígena que tive a oportunidade de conhecer, mais um dos nossos parentes que se foi e que Deus lhe receba no paraíso eterno.

FONTES

Foto em Destaque: Arquivo Pessoal de Lúcio Flores Terena  
Fotos da Galeria:  Arquivo Pessoal de Lúcio Flores Terena; (IDEM); (IDEM); Lúcio Yeruá; Juliene Paiva Flores; Arquivo Pessoal de Lúcio Flores Terena; Rocky Ribeiro; Juliene Paiva Flores; Arquivo Pessoal de Lúcio Flores Terena; (IDEM); (IDEM); Frederico Oliveira; (IDEM); (IDEM); (IDEM); (IDEM); Henyo T. Barretto; Alexandre Goulart; Arquivo Pessoal de Lúcio Flores Terena.